quarta-feira, 27 de março de 2013

ESCOLA CORONEL LÚCIO ANNES DIAS, 57 ANOS DE HISTÓRIA EM EDUCAÇÃO

Os alunos da escola apresentaram o teatro enfocando a história da localidade,  e a trajetória da escola desde sua implantação até a data que festeja o 57º aniversário na localidade.
Com a construção da Barragem do Passo Real, no ano de 1970 começou a colonização de Fazenda  de propriedade do Sr. Osvaldo Becker e de Luisa Di Primio Becker, propriedade essa que foi desapropriada pelo INCRA- na época IMBRA. Inicialmente com o nome de Fazenda Colorados, a Fazenda foi dividida em lotes, entre 103 famílias, oriundas de Mundo Novo, município de Espumoso.
Após receberem a notícia do alagamento e da necessidade de deixarem suas residências para reconstruir suas propriedades em outro local, as famílias começaram a  se organizar realizando reuniões para tratar da aquisição da terra e como realizariam o deslocamento de suas famílias e de seus pertences para o desconhecido Assentamento de Fazenda Colorados.
Definido seus lotes, e arrumada a mudança iniciaram então a retirada das famílias. O caminho era longo e as dificuldades eram permanentes, mas havia a esperança de que ao chegar na nova terra tudo seria recompensado. Assim que iniciaram a mudança para a nova propriedade os agricultores começaram a construir suas casas, galpões e a cultivar a terra, deixando para trás tudo que haviam construído, mas em busca de novas conquistas.
Traziam em sua mudança as madeiras de suas casas, alguns animais e seus móveis, que eram transportados em caminhões, um de propriedade do Sr. Jeová Toledo chegou a fazer mais de 160 viagens. A primeira família que veio foi a do Sr. Roberto Mulinari, depois foram chegando outros e em agosto de 1970 as águas invadiram as terras de Mundo Novo, fato esse que poucos acreditavam que iria se tornar realidade.
Havia muito a ser feito em cada propriedade. Inicialmente as famílias que quiseram receber uma casa, tiveram as mesmas construídas e o valor agregado aos lotes de terras que receberam, tendo aproximadamente 18 anos para quitar a dívida.
Também organizaram-se em grupos para comprar tratores, com eles lavravam a terra para cultivar as sementes. Fato esse que causou uma grande mudança na forma de trabalhar pois no local que antes residiam usavam junta de bois e arado manual.
Havia na localidade recém formada um grupo de pessoas que organizaram-se para fazer melhorias na localidade. As estradas eram poucas, havia a necessidade da construção de pontes, as quais foram construídas pelo Sr. Isidoro Techio( in memoriam) e pelo Sr. Ilto Chorba, ainda residente nessa localidade. Os aterros foram feitos pelos agricultores que puxavam terra com carretos.
Existia na localidade uma linha de transportes feita pelo Sr. Hélio Ferst que fazia o trajeto  até o município de Cruz Alta, numa camionete Veraneio. Em caso de doenças recorriam ao município mais próximo em Cruz Alta ou Salto do Jacuí. Um acontecimento marcante de uma dessas viagens  foi o nascimento no trajeto até Cruz Alta, do filho do casal João Zanon e Noeli.
As famílias mantinham a agricultura se subsistência com o cultivo de feijão, batata, milho e para o comércio começaram a cultivar a soja, trigo e o milho.
A vida de modo geral era vivida em condições simples, sem conforto das comunicações. O malote do correio vinha até a localidade de Boa Vista do INCRA e mais tarde foi aberto um posto do correio na localidade.
No inicio da colonização os agricultores fundaram uma cooperativa, que funcionava no clube da localidade, que era ponto de encontro dos agricultores. Era uma sociedade que começou com a colaboração de 200 cruzeiros. Mais tarde a sociedade foi desfeita  e vendida   para o Sr. Pedro Danilo Rauber, que começou outra casa de comércio.
As atividades diárias eram dificultadas pela falta de água. Havia poucos poços de água, as famílias iam nas sangas lavar a roupa e buscar a água para o consumo da casa e dos animais. Traziam água em baldes, as vezes faziam esse trajeto muitas vezes ao dia. A canalização da água foi feita mais tarde, mas no inicio não deu muito certo,  pois as mangas estouravam.
O maior acontecimento na localidade foi a Energia Elétrica que veio aproximadamente entre os anos de 1973  a 1974, privilegiando apenas os moradores da vila. A energia elétrica foi trazida de Fortaleza dos Valos pela CEE.
A TV chuvisquenta, com nos relatou a mais antiga moradora dessa localidade, srª Olga de Bortoli,  era a maior novidade no clube da localidade, pois reunia sempre um grupo de pessoas, que iam assistir e, no ano de 1976 todas as famílias tiveram a luz instalada pela COPREL. Com a novidade de vir a energia elétrica algumas famílias adquiriram a geladeira e outros utensílios domésticos.
O lazer praticamente  não existia, as famílias inicialmente reuniram-se para as festas de igreja e missas. Mas a organização dos agricultores viram nas associações uma alternativa para as diversões, surgiram então as diferentes associações: O Clube União Esportiva Colorados, o Clube de Mães.
No inicio da colonização um grupo de Bolão feminino que reuniam-se as quartas-feiras. Foram grandes incentivadores os senhores José Orlando Ferst- conhecido co Tucha, Dorival José de Bortoli e Seno Antônio Ferst. O grupo de bolão teve como primeira presidente e coordenadora  a professora Adelci Zanerippe Bartholdj.
A vida religiosa das famílias sempre foi fato marcante. O padre Jerônimo Rubim celebrou a primeira missa  no local onde hoje é a casa do Sr. Celestino Trombetta.
O primeiro casamento foi do senhor Nauro e Mariza Toledo, foi realizado na casa do pai da noiva.
Havia por parte das famílias a preocupação com a continuidade dos estudos de seus filhos, então organizaram-se para lutar para que a escola acompanhasse as famílias. A escola que foi fundada no município de Espumoso, na localidade de Mundo Novo, no dia 07/03/1956, pertencendo a 25ª CRE de Soledade.
A escola foi reconstruída nesta localidade em agosto de 1970. Inicialmente era de madeira, veio com duas professoras, Srª. Maria Trautmam Dolci e Eroni Nunes Rauber. Funcionava até a 5ª série. Após os alunos iam concluir o Ensino Fundamental na localidade de Boa Vista em ônibus de linha.
No ano de 1986 a comunidade escolar recebeu uma nova escola de alvenaria e teve ampliação até a 8ª série do ensino fundamental.
No ano de 1995 novamente houve a ampliação do prédio, vindo a melhorar sua infra estrutura e no ano de 2002 a comunidade escolar teve mais uma conquista, a ampliação com uma sala, para a biblioteca escolar.
Atualmente a escola denomina-se E.E.E.F.Coronel Lúcio Annes Dias. Neste ano completa 57 anos  de existência e 42 anos no município de Fortaleza dos Valos. Desenvolve o trabalho pedagógico voltado para  a Educação do Campo, participando de eventos nessa modalidade para que seu ensino seja de qualidade.
Atende 18 crianças do pré-escolar nível A e B, pela professora Cristiane Soares Wilges, sendo essa turma uma parceria com o município.
Os anos iniciais do ensino fundamental são Multisseriados. No 1º e 2º anos com 15 alunos, atendidos pela professora Liamara Machado Herthal.
O 3º e o 4ª anos com 14 alunos, atendidos pelo professor Paulo Joares de Freitas Mate.
O 5ª ano com 06 alunos pela professora Elizabeth de  Oliveira Balest.
O 6º ano com 08 alunos.
0 7º ano com 05 alunos.
A 7ª série com 10 alunos.
A 8ª série com 06 alunos.
Aos professores e funcionários que hoje estão a frente engajados na educação, dando continuidade para que essa escola continue sendo o coração dessa comunidade, merecem  nosso reconhecimento e o nosso muito obrigado.
São  professores dos anos finais:
Maristela Taetti Rossato- professora de História e geografia.
Cibeli Cancian Stefanello- matemática.
Terezinha Morgan- Educ. Física. Religião e Artes.
Nelda Marli Pereira da Silva- disciplina de ciências e Norma Medeiros Pereira Skolaud- prof. de Português e Inglês.
São funcionários: secretária: Letícia Lopes Scapin
Merendeiras: Marta da Rosa Ferst e Lúcia Campos Cancian
Agente Educacional II: Enerci Techio da Silva e Maria Aparecida de Oliveira Werner.
A equipe Diretiva é composta por: Lisete Kuhn Rauber- diretora e Isabel Cristina de Bortoli- supervisora.
Muitas pessoas fizeram parte desta história através de seu trabalho de colaboração, envolvimento e doação para que a escola Coronel Lúcio Annes Dias crescesse em qualidade. Assim parabenizamos  os professores e funcionários que passaram por essa escola, dedicando-se, ajudaram a construir a sua  história dessa escola do campo.
Foram diretoras da escola as professoras:
-Maria Trautman Dolci foi diretora nos anos de 1969 a 1978.
-Eroni Nunes Rauber- 1979 a 1981
-Maria de Fátima Dürr – 1982 a 1987
-Odete Nazário da Rosa- 1987 a 1988
-Rosangela Diovana do Amaral Rassan- 1988 a 1991
- Elenice Chaves Fontoura- 1992 a 1999
- Terezina Morgan- 2000 a 2006
-Lisete Kuhn Rauber- 2007 a 2013
Chamamos também  funcionários que trabalharam nesta escola:
- Olina Trombetta
- Gersi Werle Téckio
-Erci da Silva e Silva
Queremos homenagear em nome de todos que nessa escola trabalharam os representantes das entidades que realizam um excelente trabalho junto ao CPM  e do Conselho Escolar, participando da tomada de decisões e na realização dos eventos realizados pela escola.
Representando o CPM: - Elizandra Horbach Dallanora
Representando o Conselho Escolar: - Vergínea Wilges Orlando
Para reconstruir a história do período de colonização serviram de base o depoimento de antigos moradores da localidade e o vídeo feito pela comunidade católica na Festa dos 40 anos de assentamento, o qual foi de grande valia para que a história da localidade continue viva, para que as novas gerações saibam o valor do trabalho realizado pelos precursores da colonização.
E como nos relatam no vídeo “ contar essa história foi fácil  porque tudo aqui já estava pronto, pois quem aqui chegou escreveu um pouco dessa história. Por isso só nos resta a agradecer e parabenizar os agricultores que ao chegar nessa nova terra com seus poucos pertences e suas famílias, se uniram e com sua força de vontade e seu trabalho construíram essa localidade e para que isso se tornasse realidade foi preciso muito empenho de todos.